quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

E se Alice in Badland tivesse sido lançada na década de 90?


E aos traços de Rob Liefeld? Olhem abaixo o resultado.

Eu tentei simular o traço do querido e também odiado "Robinho" e deixei as Alices, no traço reproduzido e no meu próprio, lado a lado.

A diferença é gritante.






Isso leva a conversas sobre sexualidade, o papel da mulher nos quadrinhos, o desenho anatômico e etc. Mas tudo isso é melhor falado por outros especialistas mais bem informados.

Lembro que quando estava aprendendo a desenhar, especialmente quadrinhos, uma das minhas referências era Liefeld. Não tinha muita opção.
Tinha uma pilha de revistas que ele havia desenhado. 

Não achava a anatomia dele lá muito boa, mas era o que tinha na época. Homens e mulheres gigantescas extremamente musculosos e embalados à vácuo. Era a fase "Extreme" dos quadrinhos. tudo ao extremos. Zangue, peitos, bundas, "móscolos", armas do tamanho de armários, muita morte....

Lembro de ter ficado chocado ao ler uma revista de X Men 2099 e ver um mutante em forma líquida ser bebido e depois torna à forma humanoide dentro do cara, abrindo-o todo. Foi punk. Era a influência que eu tinha na época. Só depooois, quando a internet tornou-se acessível para mim que pude saber de outros artistas, outros estilos e outros carnavais.

Mas onde eu quero chegar com esse papo todo? É isso. Se Alice in Badland tivesse sido criada por mim naquela época, até meados de 2005 ela teria aquele visual ali em cima; o enlatado americano com selo Liefield.

Tá errado? Bom... Anatomicamente é um acidente grave. Vejam abaixo o esquema de construção da criatura.




Bizarro, né?

Mas temos que concordar em uma coisa... A primeira chama mais atenção que a segunda. Características da época. Tirando a anatomia errada (que só incomoda os especialistas) a pose, o movimento, o cabelo esvoaçante, o ar de feme fatale e as big tetas atraem mais que a versão da direita anatomicamente correta (o máximo possível. Não sou perfeito), isso sem falar da cor chamativa. Ótimo para um quadrinho de ação desenfreado, cheio de mulheres musculosas esculturais e homens que nem conseguiriam limpar a bunda de tanto bíceps, tríceps, tetraceps, pentaceps... Mas não é isso que é Alice in Badland.

Vejamos a segunda opção: anatomia mais agradável ao olhar, dentro das proporções aceitáveis. cores sóbreas, expressão acentuada que exige mais atenção aos detalhes (diferente da outra onde os seios chamam mais atenção, nessa você "passeia" por todo o corpo sem se incomodar) e você sente a vontade de conhecer sua história. Saber por quê ela está empunhando uma espada. Coisa que nem nos preocupamos na primeira. Se vemos a primeira com a espada é justamente para fatiar monstros e pronto, acabou. A segunda pede uma história mais séria, com profundidade, e é a que me sinto mais à vontade para trabalhar.

Passado o susto, para vocês que acompanham o projeto e gostam do traço, não se preocupem. ele não vai seguir o estilo Liefeld. Vou continuar meu humilde desenho seguindo a norma o quanto eu puder e quiser.

Abraços a todos vocês, se cuidem e acompanhem nossas aventuras. 

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